sábado, 30 de abril de 2016

a qualquer um


aveiro | portugal


o céu escorrega no gosto da terra, de 
encontro à fome de desassossego que 
acolhe o murmúrio dos afectos coibidos. 
algumas palavras foram, pelos seus próprios 
meios, a fátima. a peregrinação deixou um 
rasto de lembranças e de expectativa, pelo 
caminho. coisas que pertencem a qualquer 
um e se misturam no distanciamento. 
eu fiquei na laguna. tinha perguntas no 
ar, em equilíbrio, abraçadas às respostas. 


 [palavras relacionadas]


sexta-feira, 29 de abril de 2016

contornos


aveiro | portugal


por mim procuram todas as coisas, reais e imaginárias, da minha 
vida. o chão, que agora eu sou, não foi onde me vi pela última vez. 
mas não sei precisar quando foi. as palavras tornam-se imprecisas. 
os sentimentos mais concretos, deambulam, entre personagens 
fervorosos, ao sabor da imperfeição das palavras. mas, por dentro 
eu sei. e o céu cai numa força de expressão onde os pássaros voam. 
creio, e espero, que o meu melhor dia seja, sempre, amanhã. 
o meu melhor gesto será, sempre, aquele que ainda hei-de fazer. 
o meu melhor poema será, sempre, aquele que não escrevi. 
um dia, eu sei, ainda há-de faltar, irremediavelmente, do dia, 
do gesto, do poema: o melhor. mas, é mesmo assim. 


 [palavras relacionadas]


quinta-feira, 28 de abril de 2016

quantas vezes não


arredores de aveiro | portugal


é sem intenção que chamo destino ao acaso, 
assim como não era meu propósito amar-te. 
os dias começaram a nascer um pouco mais 
alegres e a cabeça criou relações precisas. 
não foi por deliberação que me senti atraído, 
nem decidi que, por castigo, te haverias 
de vincular pelos mesmos sentimentos, 
enquanto tecia, a ermo, a rede dos afectos. 
não é pela falta de sorte que não nos unimos, 
talvez, de certa forma, pelas circunstâncias, 
pela própria natureza. mas, quantas vezes não 
encontrarei o sossego e não me encontrarei? 


 [palavras relacionadas]


quarta-feira, 27 de abril de 2016

talvez seja


aveiro | portugal


talvez seja como que uma falha anímica, 
ou uma espécie de letargia congénita, 
ficar, assim, um momento, abraçado 
à temperatura amena, ao conforto, 
e a juntar todas as peças que me formam, 
antes de me precipitar para o dia, 
ou para as tarefas do regresso a casa. 
como se se concentrassem em mim todas 
as energias, contra todas as inapetências 
da cidade. 



 [palavras relacionadas]

terça-feira, 26 de abril de 2016

cansado sem cansaço


aveiro | portugal


cansado, sem cansaço, sombra estática 
na penumbra flutuante das mesmas palavras. 
eu, que chego pouco; tu, que não prometeste 
chegar; ele, ou ela, que chega mais longe; 
nós, que chegámos a sentir; vós, que chegais 
tão perto; eles e elas, que nem sonham chegar… 

regressar ao que fui no meu diário, 
na evidente condição de corpo estranho, 
e entrar no paço que erigi, no dorso 
de uma terra inventada. como fui louco… 
iminência, eminência, iminência. a um paço 
de ser rei, a um poema para a meia-noite… 
visto o luar, dispo a engrenagem. 


 [palavras relacionadas]


segunda-feira, 25 de abril de 2016

os cravos




os cravos murcham na primeira pessoa 
da solidão, do sofrimento, da alienação, 
da pobreza... mas em liberdade, naquela 
liberdade que conseguem imaginar. 
não me sinto capaz de os colher 
e de poema na lapela, em seu lugar, 
trabalhei como quem comemora, 
como quem é livre, ou com a aparência 
que lhes presumo, na delicada felicidade 
de me emaranhar. 


 [palavras relacionadas]


domingo, 24 de abril de 2016

fim-de-semana - III


aveiro | portugal


daqui, encontro os erros, meus 
conhecidos, a abandonarem o modo 
condicional dos verbos, sem saudade. 

daqui, da esquina viva do engano, 
do inusitado aperto no peito 
e da estranha urgência do suspiro, 
a cidade parece, casualmente, 
mais pequena para a miríade 
de criaturas e dos seus predadores, 
todos da mesma espécie, meus iguais. 


 [palavras relacionadas]


sábado, 23 de abril de 2016

fim-de-semana - II


aveiro | portugal


enquanto as noites de sábado crescem, 
eu vou prevendo os teus reflexos na janela, 
o espelho, onde tu terias visto os meus 
gestos titubeantes, mas intencionais. 
sabes, os domingos, de manhã, tendem 
para o princípio de deserto que nos cabe 
e onde eu acordo, e me levanto, mais tarde. 



[palavras relacionadas]


sexta-feira, 22 de abril de 2016

fim-de-semana - I


aveiro | portugal


por vezes, chegas, sem chegar, 
e eu estou, sem estar, no teu abraço. 
somos a parte mais abstracta do museu 
vivo, na sala onde o amor é uma colecção 
de silêncios de múltiplas dimensões 
à procura de um espaço na engrenagem. 
por vezes eu chego, sem chegar, 
e tua estás, sem estar, a um paço* passo,
onde somos o momento mais hesitante 
do movimento de atracção transcendental. 


 [palavras relacionadas]


nota:
     *paço - fazia parte de redacção inicial, no post, apenas, de forma errada, e passou a integrar o poema.


quinta-feira, 21 de abril de 2016

alguém há-de chegar


aveiro | portugal


alguém há-de chegar com conjecturas, 
encontrar-me em mil e uma caras de lua, 
enquanto a lua omite as águas-furtadas 
e o tempo me diz que enlouqueceu. 
com o tempo, olho em volta e não 
me encontro. amalgamo os sentimentos, 
os verbos e os tempos verbais, os raciocínios, 
as pessoas gramaticais, o som e o silêncio. 
ocasionalmente, eu rimo, rio, falo e emudeço 
para dentro, por dentro, e sobrevoo o meu 
cansaço, à procura do amplexo simples 
que me devolva o desvario de desejar. 


 [palavras relacionadas]


quarta-feira, 20 de abril de 2016

nostalgia radiante


aveiro | portugal


fecho a porta sem segredo, sem fechar. 
encontro odores meus conhecidos 
e conhecidos da nostalgia radiante. 
a saudade passeia-se na penumbra da casa, 
aquela saudade que produz, nos dias longos, 
os dias mais longos, e que faz parte do cenário. 

eu espero por ti, na primeira pessoa do plural, 
enquanto tudo acontece num abraço que se anuncia. 
talvez amanheça agarrado a um traço de futuro, 
sem o comprometer, alheio à loucura de acordar, 
como quem se acostuma à espera sem nunca se habituar. 



 [palavras relacionadas]


terça-feira, 19 de abril de 2016

que dizer?!


["velocidade"] - aveiro | portugal


que dizer?! 

furtam-me o tempo do mar. 
não quero esconder o cansaço 
de fingir o sol e a lua 
na rotina das mesmas palavras 
que mergulham na penumbra. 

falham os dias. 
falham-me os dias. 

não quero esconder o cansaço 
de esconder o cansaço. 
quero fechar os olhos, sem alarde, 
e baixar os braços. 
sem drama, 
quero respirar fundo 
para suster o desencanto, 
sem salvar o significado, 
e diluir-me. 

a diluir… 
como quem separa a alma do corpo, 
em contramão. 

 [palavras relacionadas]


segunda-feira, 18 de abril de 2016

castelos de areia




não guardo e não possuo mais do que o intelecto apressado, 
expresso na mobilidade dos vocábulos, à beira de um caminho 
hesitante, à sombra de verbos em desuso, com versos nos ombros. 
as palavras surgem como se fossem a areia húmida e compacta 
que adquire uma informal forma fractal do imaginário inequívoco, 
por vezes, próximo, noutras, longínquo, da flexão dos sentimentos.   
eu recordo e reconheço o frágil equilíbrio dos meus castelos de areia. 
sabia e sei-lhes o fim, sob a inocência do sol, do vento, das ondas 
ou do jugo da malícia humaniza, e de como não me era indiferente, 
apesar do autêntico desapego e entendimento. 



 [palavras relacionadas]


domingo, 17 de abril de 2016

vida com imaginação


aveiro | portugal


vivo a minha vida com imaginação. 
relaciono-me bem com o tempo, 
vivo bem comigo, 
o mundo nada me deve, 
não tenho medo de estar só, 
não temo sociabilizar. 
entendo e respeito que pensem 
de forma diferente; 
que não sintam como eu. 
entendo, até, e respeito, 
que não me entendam; 
que não me respeitem… 
nada disso me silencia, 
nem a vontade de me calar. 


 [palavras relacionadas]


sábado, 16 de abril de 2016

ainda gosto de sentir


aveiro | portugal


por vezes, os canais da ria são estradas 
degradadas de moliceiros mutilados, 
para guardarmos em imagens ancoradas, 
como recordação, em dias acabados. 

é outro o presente, e está mesmo sob, 
sobre e em nós, como uma prenda. 
ainda chove algures num qualquer lugar, 
onde alguém espera que o sol se acenda. 

e eu, ainda gosto de sentir, ou de me entorpecer 
com o que sinto, com o que me leva à emoção. 


 [palavras relacionadas]


sexta-feira, 15 de abril de 2016

imprevistos caminhos


aveiro | portugal


já não somos rigorosamente a mesma coisa. 
abriram-se novos e imprevistos caminhos, 
e sulcos na expressão, que podem alcançar 
as fundações da memória, do entendimento 
da sensibilidade, que observo como a um mapa. 

posso chegar de corpo cego, com a nortada, 
numa edição portuguesa, com a alma no fado, 
mas sem o pensamento, ou o sentimento, 
agreste, e ouvir-te cantar a minha ilustre culpa, 
no teu refrão predilecto. ontem, hoje, amanhã… 

sempre. 


 [palavras relacionadas]


quinta-feira, 14 de abril de 2016

amplitude


aveiro | portugal


assim como nunca iremos ver a mesma cidade 
igual em dias diferentes, todos os meus dias 
são dissemelhantes na profusão de horas fugidias 
que se afadigam na procura contínua da agilidade. 

é aqui que o dia se estreita, na mais baixa altitude 
da viagem evidente, para sublinhar o acesso 
às mais pequenas coisas de mais um regresso, 
quem sabe, a uma relevante conquista de quietude. 

espera-me uma noite de amor-próprio. 
espera-me uma cama de casal vazia, 
numa habitação absorta de periferia. 

depois, a imaginação vai preencher o resto. 
a cidade abraça a noite e eu abraço a fantasia, 
para te salvar, montado numa intrépida alegoria. 


 [palavras relacionadas]

quarta-feira, 13 de abril de 2016

ondas da cidade


aveiro | portugal


a cidade, eu e as palavras relacionadas. 
a cidade, como eu, é dispensável às palavras, 
mas seriam assaz diferentes sem nós. 
nós… eu também sou desnecessário à cidade, 
a cidade que chora, recatadamente, 
pelos canais soterrados, perdidos para sempre, 
mesmo quando o mar aparenta querer 
repor uma ordem ancestral desconhecida da própria 
cidade e que ele mesmo abandonou. 
eu moro dentro das palavras que em mim habitam, 
esse mar de palavras que se une ao oceano 
que beija a laguna que beija a cidade que me completa. 


 [palavras relacionadas]


terça-feira, 12 de abril de 2016

de um meu sorriso


aveiro | portugal


a cidade entrega-se aos seus amigos, inúmeros e desconhecidos. 
tudo é tempo, espaço e sentimentos, e eu dentro e fora de tudo. 
há dias que crescem nos próprios dias, quando as palavras fatigam 
e o silêncio enfada. são as horas das horas mais loucas e longas. 
acredito que ao teu lado tudo possa ser e ser possível tudo, até o fim; 
que tudo possa acontecer necessariamente de repente e demoradamente, 
na fragilidade dos dias onde estou mais frágil, com um suspiro ignoto, 
distraído e perdido. acredito nas pequeninas coisas, por vezes, invisíveis, 
ou indescritíveis, como o amor, como os beijos que nascem noutros beijos, 
como a saudade. 


 [palavras relacionadas]


segunda-feira, 11 de abril de 2016

tentei, de várias formas


aveiro | portugal


tentei, de várias formas, escrevê-lo, 
com todos os seus silêncios, 
com poejos opiniosos nas palavras, 
mas é tão tarde, noite, e eu não quero, 
quero, o encanto de poder viver 
a quietude que visto, visto, e vejo 
sobre a margem integral 
da linha difusa de um futuro: 
janela de olhos vendados 
e paisagens de vários sonhos; 
asas de penas cruzadas 
e de voo subterrâneo; 
horizonte por inventar, 
mas que existe na porta 
aberta, aberta a magia,
ainda existem outras formas. 


 [palavras relacionadas]


domingo, 10 de abril de 2016

saber quem


aveiro | portugal


saber quem se é, depois da cerca, 
para além do horizonte que se traz 
vestido. a recursividade da noite, 
a prerrogativa de prezar, sem prazo, 
o despojo de uma resolução de termo certo 
e o autocontrolo de um céu encoberto. 
vejo-o dentro das ondas que me observam 
no céu, onde todas as coisas se encontram 
e eu me perco no encontro de cada vez 
mais perguntas intactas, mas resolutas, 
ou no brilho excessivo dos candeeiros
da rua. 


 [palavras relacionadas]



sábado, 9 de abril de 2016

um passo à frente


barra de aveiro | praia da barra | ílhavo | aveiro | portugal


as ruas doem quando dentro de nós, por vezes, 
um pouco mais, quando o hábito as adormece. 
talvez, como eu, procures um poema que te mude 
e arrume a vida, quando os ventos de um desânimo 
sopram mais alto os seus gemidos de sucesso, 
quando estes menos são necessários, e/ou 
só trazes o medo por companhia. 
a solução está sempre um passo à frente 
e é o próprio medo que obriga à mudança. 


[palavras relacionadas]

sexta-feira, 8 de abril de 2016

da beleza da melancolia


costa nova do prado | ílhavo | aveiro | portugal


do lado da beleza da melancolia, 
gosto dessa espécie de magia 
que arrebata e surpreende os sentidos, 
que toma a forma de um ou mais versos, 
onde os nossos reflexos são amortecidos
e os rumores do soalho são dispersos. 
mesmo quando os dias aparentam ter perdido 
estrelas e a noite derrama pela casa o apelido. 

a um poema para a meia-noite, em mente, 
sou a alegoria com pontes, ou, simplesmente: 
eu. 



 [palavras relacionadas]


quinta-feira, 7 de abril de 2016

cumprimentos


costa nova do prado | ílhavo | aveiro | portugal



deixo-me ficar, no rasto do tempo, 
como quem espera pela metamorfose. 
a quietude sou eu, num momento mágico. 
fica comigo e com o azul aberto do céu, 
que une até ao esquecimento, 
nesta margem sem vento, sem prazo. 
o silêncio manda recomendações. 


 [palavras relacionadas]


quarta-feira, 6 de abril de 2016

encontrar espaço




sonhos sem nome e sem rosto soltam-se 
do corpo de abrigo, vão à procura da sorte. 
eu: os polígonos na teia, fractais de abraço, 
um encontro com o cansaço, exposto à noite: 
hoje: o dia escrito com palavras de areia. 
arrumo-o, o dia, como posso, entre a nostalgia 
e a pele, onde não é fácil encontrar espaço. 


 [palavras relacionadas]



terça-feira, 5 de abril de 2016

foi no início


entrada da barra do porto de aveiro | praia da barra (meia laranja) | ílhavo | aveiro | portugal


foi no início da aventura de percorrer 
o mundo, quando os países, acessíveis 
às pontas dos dedos, se agigantavam 
largados na mente possuída pelos livros, 
pouco antes de serem nações a crescer 
avulso sob o corpo presente e absoluto; 
quando ainda eram possíveis a viagem 
e a utopia, entre símbolos e metáforas, 
num poema sempre novo. foi quando 
a alma lavada levava o corpo a conquistar 
o verso: foi quando descobri que não 
havia política alguma sem desigualdades: 
foi quando caí de um ferido nacional. 


 [palavras relacionadas]


segunda-feira, 4 de abril de 2016

incerto


corredor lateral do claustro do mosteiro de santa cruz | coimbra | portugal


às vezes, num dia mais profundo,
toda a tarde nos cai no regaço.
é nesses incertos momentos
que eu estou incerto,
em parte incerta.



 [palavras relacionadas]


domingo, 3 de abril de 2016

poderás vir


praia da barra - ílhavo | aveiro | portugal


poderás vir contra-a-corrente, depreendo, 
quando for o dia, talvez noite dentro, 
com a luz a abrir novos postigos no teu corpo. 
e eu, apanhado, mas não surpreendido, 
pela tua luminosidade, executarei um gesto 
qualquer, acima de qualquer palavra. 


 [palavras relacionadas]


sábado, 2 de abril de 2016

…em partilha:


aveiro | portugal


aveiro, aberta e a revelar os ínfimos e íntimos 
interstícios, com outros, que vêm, por vezes 
de tão longe. comungamos, todos, de toda 
a espécie e grandeza de assombros (aqueles 
assombros residentes e os que chegam). 
sabemos que ainda há muito para descobrir 
no regresso às mesmas ruas de nome ténue 
e onde todos, ainda que uma única vez, 
as percorrem também sem nome no rosto. 


 [palavras relacionadas]


sexta-feira, 1 de abril de 2016

no regresso a casa…


aveiro | portugal


pensavam que já tínhamos descoberto tudo. 
nós vimos de tão perto para encontrar o assombro, 
arriscar nos instintos, decifrar os sentidos. 
descobrimos novíssimas coisas nas velhas fachadas 
das casas de arte nova, ou de outras artes, 
alimentando a luz do seu exterior, ao puro encontro 
da sua solidão, dos seus silêncios. sei que, 
a seu tempo, alimentamos as sombras e admiramos 
as fundações, na estridência do achado, 
no regresso a casa. 


 [palavras relacionadas]


no fio


aveiro | portugal


o telemóvel vibra com as mensagens 
de pechinchas urgentes e imperdíveis, 
que me deveriam fazer vibrar, também. 
dividem-se imagens espessas, de azáfama, 
dentro dos cafés e das pastelarias. hora 
de ponta, pontual, e diligências do apetite. 
por outro lado, as sarjetas não param 
de albergar novos tormentos. sente-se 
o cheiro das nuvens que caem sobre a terra, 
sobre o asfalto, sobre as gentes de visita, 
sobre o grupo de residentes. todos olham 
para o céu e procuram ver para além 
dos postigos azuis que não trazem os dias 
futuros, enquanto a água, com pressa, 
se reúne e comprime nos canais urdidos. 
todos os outros cheiros chegam depois. 



 [palavras relacionadas]