sexta-feira, 1 de abril de 2016

no fio


aveiro | portugal


o telemóvel vibra com as mensagens 
de pechinchas urgentes e imperdíveis, 
que me deveriam fazer vibrar, também. 
dividem-se imagens espessas, de azáfama, 
dentro dos cafés e das pastelarias. hora 
de ponta, pontual, e diligências do apetite. 
por outro lado, as sarjetas não param 
de albergar novos tormentos. sente-se 
o cheiro das nuvens que caem sobre a terra, 
sobre o asfalto, sobre as gentes de visita, 
sobre o grupo de residentes. todos olham 
para o céu e procuram ver para além 
dos postigos azuis que não trazem os dias 
futuros, enquanto a água, com pressa, 
se reúne e comprime nos canais urdidos. 
todos os outros cheiros chegam depois. 



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1 comentário:

  1. Por vezes dou-me a olhar esses momentos de que falas, a pressa das pessoas, os telemóveis que tocam e não nos dão espaço para pensar,a tristeza dos olhos que passam quase já sem sonhos, mas as aguas acabam por levar a degradação humana ou esperamos sempre que amanhã tudo pode mudar, quem sabe, uma coisa eu sei nunca me vão arrancar a vontade de sonhar. bjs

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