já ninguém me embala a felicidade
nuns cartuchinhos de papel pardo:
flocos de neve, como doce metáfora.
e a vida, com um dedo erguido, solidária,
tão mansa e maliciosamente, a correr
pela música, a pontuar e a fazer saudade,
só mesmo inventada é que persiste
em recordar os tempos em que as constelações
cabiam na palma da mão, tão pequena,
e ainda sobrava espaço para a lua
e para toda a noite. mão de onde saltavam,
como pipocas, as estrelas cadentes,
que, afinal, possuíam uns estranhos dentes,
e de quem a minha avó dizia que poderiam
devorar o mundo. e devoram, avó, até as
memórias, não as estrelas, mas uns estranhos
deuses que se confundem com elas.
[elipse]
Doces memórias da vida passada... à mistura com as duras realidades do hoje... mostram-nos o quanto o mundo mudou aos nossos olhos, desde que se foi criança...
ResponderEliminarSó as oliveiras persistem e resistem à passagem do tempo... sem grandes mudanças... ao contrário de nós...
Palavras e imagem, muitíssimo bem conjugadas...
Uma imagem da zona de Portalegre... presumo...
Beijinhos
Ana