domingo, 29 de maio de 2016

meia ponte no céu


aveiro | portugal


lembras-te? o mundo efectuava as grandes estreias em nós. 
entre a amabilidade dos elementos, traçávamos a bissectriz 
do ângulo recto e ascendíamos às fantasias siderais da voz. 
o vento, uma oitava abaixo, cobria os nossos passos por um triz, 
no ponto mais saliente da nossa tenra e ruminante castidade. 
sempre existiram nuvens, a desdobrar sombras de quebrantos na cidade, 
húmida em todos os endereços, e de líquida matriz; 
meia ponte, no céu, de asas dadas com a liberdade,
onde um anjo desce à procura de um corpo feliz, 
em véspera de noite, na febre de procurar a directriz. 
noite, onde os sonhos já flutuam, próximos da eternidade, 
algures entre a memória, o destino e a invisibilidade. 


 [elipse]


1 comentário:

  1. Mais um inspirado momento poético, que a imagem traduz de uma forma admirável...
    Vê-se que há sempre um cuidado enorme, na conjugação da imagem e palavras... e nem sei se será a imagem que inspira o poema... ou vive-versa...
    Belíssima iluminação e enquadramento... num dia sombrio... que acabou por realçar os demais elementos na imagem... os tons estão fantásticos... e aquele arco íris, é mesmo a cereja no topo do bolo, na foto...
    Bjs
    Ana

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