há sempre uns poemas tortos, com linhas
muito próprias e caprichosas. e aqueles que,
sob pretexto ou forma alguma, não se deixam
alterar ou concluir.
andei a arrumar as gavetas e a lamber as feridas
que se abriam ao abrir os cadernos largados,
há muito, por ali. e também me doe o rosto
por tanto sorrir com a felicidade interrompida,
ou consumada, e que saudosamente pulava
dos papeis avulsos para se hospedar em mim,
de novo. eram, contudo, e apenas, indícios.
pistas que ficaram sós.
os momentos, as circunstâncias e os contextos
materializavam-se. na realidade, e no fundo,
eu fui muito feliz.
mas era chegado o tempo de dar algum futuro
ao papel sofrido, onde mal tocava o passado
e com tão pouco presente.
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