educadamente cega, surda e muda,
atravessámos o reverso do coração.
igualmente cinza, fomos, solitários,
de combustão em combustão, sem
destino marcado, ardendo num
mesmo fogo, sobre a polpa do mundo.
percorremos a imperceptível fronteira
dos poros, com os lábios sequiosos,
para alojar os beijos irrequietos
e bebemos do que viria a ser pó.
esculpimos o amor que nos abria
portas, mas não havia razão de ser.
abotoados pela vida, transitámos,
secretamente, por quartos e camas
sem existência, para alojar o afecto.
a distância que te percorro, a tontura
que se instala nas palavras inquietas,
surpreende o tempo, instala-se naquele
mesmo lugar que permuta a exaustão
e circula no vazio de todas as coisas
feitas de luz. uma memória desprotegida,
feitas de luz. uma memória desprotegida,
mas não amarga.
[palavras relacionadas]
um poema que transparece réstia de algum desalento.
ResponderEliminarmas o passado já foi, o presente é que merece ser vivido.
mas gostei do poema.
um bom fim de semana.
beijo
:)