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ouvir o silêncio, tocar no nada, ver o infinito…
creio que não foi esta a nossa maior loucura,
quando a solidão nos entrava pelos vidros
das janelas e nos mostrava o amor num espelho
embaciado, onde a noite nos cingia o peito.
horas em que ocupávamos o silêncio dolente
e, com um único suspiro, o transformávamos
num grande bulício, onde cabiam todos os termos
dos afectos que produziam atalhos e pontes,
em segundos, e que abeiravam todo o universo.
talvez não devêssemos ter confiado as nossas
dores ao labirinto do destino que confunde
as palavras e os hiatos de tempo disponível,
que nos deixou de mãos enlutadas e ociosas.
mas não foi exactamente assim que fiquei.
o meu avô partiu e o mar, para e não por mim,
continuou a parir o poente de onde me resgato
todos os dias para arrumar sonhos e factos,
ouvir o silêncio, tocar no nada, ver o infinito…
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Está fantástica, esta imagem, com uma incrível iluminação de final de dia... muitíssimo bem conjugada, com as tuas palavras, transbordantes de um mix de emoções e sentimentos.
ResponderEliminarUm poema muitíssimo bem construído!
Beijos
Ana