domingo, 24 de janeiro de 2016

descruzar


aveiro | portugal


vamos participar da queda que é precipitarmo-nos 
nas falésias do amor, de onde se pode regressar. 

entretanto, vamos traduzir os silêncios, 
trocar silêncios, pintar silêncios; desfazer, 
destrinçar, reparar silêncios, naquelas 
arcanas formas de comunicar, que não 
incluem palavras; enquanto eles antecipam, 
prognosticam, disputam e falam de política. 

vamos chover, enquanto eles falam de futebol, 
e juntamo-nos ao tempo, que é de chuva. 

arqueamos as linhas do espaço e do tempo 
para nos descobrirmos juntos, nas tortas 
linhas da poesia, que podemos estender. 

vamos. eles que fiquem oblíquos nessa espera, 
convictos de que a dor lhes concede a salvação. 


 [palavras relacionadas]


2 comentários:

  1. Tua poesia sempre transcende formas, espaço e tempo pra alcançar o que não está escrito. Belíssimos teus poemas Henrique. Obrigada por tua escrita. Um abraço!

    ResponderEliminar
  2. Nos silêncios cabem todos os sentires e cumplicidades do mundo... sempre a forma mais bonita de comunicar... quando não, através de poesias maravilhosas como esta...
    Gosto imenso, deste jeito descomplicado, e claro da tua escrita... e simultaneamente profundo...
    E mais uma vez, acompanhado de uma imagem brilhante, também no sentido literal do termo...
    Estes reflexos, com a iluminação nocturna, estão incríveis!
    Bjs
    Ana

    ResponderEliminar

Obrigado, pelo seu comentário!