(A)pós poeira
Há muito
que deixei o apeadeiro
E segui
viagem, sem paradeiro.
Lamento não
ser imenso,
Ainda que a
minha fortuna
(Em todos
os seus significados penso)
Não
dobrasse, de forma oportuna.
Gostava de
não perder a companhia,
Na dura
jornada do dia-a-dia,
Mas não
disponho do dom da ubiquidade,
O que,
também, não é uma infelicidade.
Eu não
hibernei,
Nem, deste pedaço de vida, me apaguei.
Nem, deste pedaço de vida, me apaguei.
De
existência gasta entre sãs ou forçadas alegrias:
Sempre por
uma causa, que não está em causa;
Sempre num
trabalho que não tem horas, nem dias;
Pouco num
repouso, lazer ou curta pausa;
Em muitos
relatos, relatórios, viagens sem ócio,
Porque, não
sou abastado, patrão ou sócio,
Talvez,
hipérbole ou sinónimo forçado, mas forçoso.
Sim, estou
cansado, lento e sem gozo!
E quem
destruiu a minhas ilusões senão eu?
Também
tomei decisões, acreditei. Doeu.
Muitas
vezes acredito na bondade,
Na dádiva
desinteressada de um conhecido,
Na alheia
representação da necessidade,
No andar
trôpego de um individuo perdido.
Outras
vezes não vejo o evidente
Ou iludo-me
com o que é aparente,
Mas isso
não faz de mim um ignóbil torpe.
Desdenho
essas sentenças de morte.
Sim, tenho tristezas, decepções, amarguras.
Sou assaltado por melancolias, exaltações e agruras.
Sinto necessidade de estar só e sem solidão;
Experimento o vazio, a ansiedade e o tormento.
Tenho necessidade de comer, mas fome… Não!
A carência não é defeito e nem sempre é sofrimento.
O aperto e a urgência são medidas imprecisas,
Mas exactas na consciência, por razões indecisas.
Procuro a
aprovação em mim, concluo,
Num
percurso desconhecido que continuo.
Conhecedor,
sem ser versado em coisa alguma,
Das
dificuldades, reflexos e embaraços
Entre a
vontade e a realidade que se consuma
Em hiatos, tropeços, acasos e pedaços.
Em hiatos, tropeços, acasos e pedaços.
Contenta-me
o afago na despedida provisória,
Apraz-me a
lembrança serena e sensória
E, muitas,
vezes fico feliz com um sorriso,
Com um
aceno de um gesto impreciso.
Fez (me) muito sentido.
ResponderEliminarEstá como eu gostaria de ter escrito. Uma pérola! Revi-me em muita coisa. Obrigado pela tua visita, uma beijoca doce.
ResponderEliminarObrigado, Verniz Negro!
ResponderEliminarUm beijinho