domingo, 13 de novembro de 2011

Como deve ser


Como deve ser


Aterrorizado acordei.
No sobressalto ergui-me, em nudez,
E em redor, receoso, olhei.
Pulei da cama de uma só vez.
Tremo, temo pelo que fantasiei.
Realidade, crueldade, insensatez...:


«Há muitos filhos da luta
A manobrar a verdade,
Plenos de orgulho e vaidade.


Sonho, noutro sonho, com uma República,
(e pode ser uma Monarquia (?!))
Onde quero uma verdadeira democracia.


Uma democracia que prime pela transparência,
Onde os concursos públicos sejam isentos
De “convites” e “cunhas”. Haja decência!
Não gemo por gostar de lamentos,
Não clamo por falta de paciência,
Incrédulo nos decretos, diplomas… Documentos.


Vi-os viver numa luta pela tolerância,
Onde o tempo passa sem glória.
Tratados como perdidos pela demência,
Como parasitas sem memória,
Transportados para a insolvência,
Como um fatalismo da história.


A voz, que não se cala, avisa e denuncia
A imposição de regras obtusas e anacrónicas
Aos servidores do Estado, em mnemónicas.


Não alinho por uma qualquer moda,
Não estou na torrente do contra,
É esta falta que, medonha, me incomoda,
Vejo-a, já fora da protectora montra,
Com os olhos de quem não se acomoda.
Falta uma liberdade que não se encontra.


– “Governo do povo, pelo povo e para o povo”.
Não era um fanático arrojo desvairado,
Mas um grito de oprimido e de angustiado.


Um povo chora com os sintomas de totalitarismo
E de repressão da opinião dos cidadãos.
Uns preocupados a camuflar e em cinismo,
Outros, aos céus, erguem crentes as suas mãos.
Outros, ainda, vivem no nacional clubismo,
Ora unindo, ora separando os irmãos.»


Como tudo isso é simplesmente ridículo,
Fruto de uma mente fechada.
Vou ser feliz, amar e viver a alvorada.


Está tudo como deve ser, sem guerras, sem fomes…
Afinal vivo num mundo lindo e justo,
Onde o terror e a injustiça são inventadas a custo.


Não?!


2 comentários:

Obrigado, pelo seu comentário!