quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Querido amor-perfeito


Sou algumas frases incompletas,
Um punhado de vocábulos ou palavras,
Um amontoado de letras ou caracteres.
Perguntas firmes fixas e concretas,
No contexto e argumento das minhas lavras,
Longe de sortes, sorteios ou malmequeres.


Para além da conjunção de verbos, existo,
Mais do que pela distribuição de adjectivos,
Para lá da catalogação ou atribuição de um nome.
Há respostas que de que não desisto,
Nem pelos os esgares, escárnios ou olhares ofensivos.


Sou alguns variáveis somatórios, por entre totais, 
Por vezes multiplicado por subtracções;
Por vezes dividido em somas caprichosas.
Pergunto, pacientemente, às respostas boçais,
Quais serão as autênticas e originais motivações
Dos menosprezos e depreciação de algumas prosas. 


Por vezes sinto que carrego um mundo
E um fardo de palavras que não interessa a ninguém; 
Um molho de ideias indecifráveis, para os outros; 
Um embrulho de sentimentos, profundo;
Sentidos que não me direccionam ou detém;
Afectos que se contorcem e que eu secundo.


Acredita, há uma linha ténue e transitória,
Numa fronteira que conheço, me visita, 
E onde encontro outros, tantos e tão dispersos,
Onde não há derrota ou vitória,
E o empate não se cogita,
Mas a disputa é sucessória.
Onde há palavras invisíveis,
Palavras que não se deixam pintar,
Mas não são insensíveis,
Não se deixam inventar, nascer 
E, muito menos, crescer.


Há um lapso de tempo, por acaso,
No limite do arrazoado,
Sem retorno e raso,
Que deixa a imposição vazia:
O tempo do pensamento reservado. 


Truanice oportuna:
Hoje sou um cão obediente,
A postura pode fazer uma grande diferença,
E à minha volta tudo se coaduna.
Amanhã não sei, talvez possa ser gente!




4 comentários:

  1. Andamos em "sintonia" eu também digo essa frase ultimamente. Pode ser que um dia seja gente. No meu percurso acidentado sou tudo não sendo nada do que queria ser. Vêem-me como ameaça quando sou uma pulga a única coisa que faço é saltitar fugindo tentando escapar sem magoar ninguém ou magoar-me não consigo. Magoo quem mais quero e pronto nada a fazer. Bem adorei o poema como sempre. Há várias passagens mas esta ..."Por vezes sinto que carrego um mundo
    E um fardo de palavras que não interessa a ninguém; " serve-me também na perfeição. Eu acho que carrego o mundo e sou um fardo para ele. Longe de interessar a alguém nem a mim me importo. Lindo! É maravilhoso ler-te. Uma beijoca doce. Boa noite. Perdoa-me se sou aborrecida sim?

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  2. Olá, Noctívaga!
    Acredita que não me aborreces. Agradeço-te o comentário, que sinto genuíno (como sempre) embora amargurado (não o digo de forma depreciativa, digo-o pela mágoa que sinto). Acredito que, como pessoa inteligente que és, seja, apenas, um estado de melancolia criativa.
    És bem-vinda!

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  3. Que hoje seja o teu amanhã :)

    P.s. A quantidade de post`s que eu não vi ontem!

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